Internacional
No mês de janeiro, o principal acontecimento foi a posse do presidente Trump, que implementou rapidamente políticas impactantes especialmente nas áreas de imigração e comércio exterior. As medidas visavam aumentar a segurança nas fronteiras, reduzir a imigração ilegal e revogar a nacionalidade automática para filhos de imigrantes ilegais. Tais políticas podem afetar o mercado de trabalho americano, promovendo pressões salariais devido à menor oferta de trabalhadores e possíveis impactos adversos no crescimento econômico.
A imposição de tarifas sobre México, Canadá e China foi outro ponto crítico, encarecendo insumos importados e aumentando os custos na economia dos EUA. Além disso, não se pode ignorar a possibilidade de retaliações por parte desses países e o risco de desorganização das cadeias produtivas. É incerto o impacto total dessas medidas sobre a inflação, mas há uma nova fase nas políticas comerciais americanas que poderá afetar países como os da zona do euro, alvo de críticas do presidente. Mesmo que as tarifas sejam eventualmente revertidas, a incerteza já se instalou.
O FED, em janeiro, optou por aguardar os impactos das políticas de Trump, enquanto o BCE continuou a reduzir sua taxa de juros. A zona do euro enfrenta um cenário distinto, com crescimento econômico fraco e inflação desacelerada, sem considerar os impactos das tarifas nos cenários projetados. No contexto global, esse choque de incerteza afeta várias economias, incluindo o Brasil, que se encontra em um ciclo de alta de juros.
Brasil
Ainda que as tarifas devam reduzir a atividade econômica global, inicialmente a incerteza deve gerar choques cambiais devido ao aumento do prêmio de risco. Com as projeções de inflação desancoradas, o Banco Central do Brasil não pode desconsiderar os efeitos primários e deve preparar-se para gerir os efeitos secundários desses choques.
Portanto, se a incerteza global persistir, o cenário econômico doméstico ficará ainda mais desafiador. Será preciso enfrentar choques de oferta, com possível queda do PIB e aumento da inflação, especialmente se tarifas sobre produtos brasileiros forem implementadas, o que complicaria ainda mais a situação para o Banco Central.