Maio em Números!

Inflação desacelera para 0,26% em maio

A inflação do país desacelerou para 0,26% em maio, recuando 0,17 ponto percentual (p.p.) em relação a abril (0,43%). O resultado mensal foi influenciado, principalmente, pelo avanço no grupo Habitação (1,19% e 0,18 p.p. de impacto), após aumento nos preços da energia elétrica residencial, que passou de -0,08% em abril para 3,62% em maio, devido à mudança na bandeira tarifária. No ano, a inflação acumulada é de 2,75% e, nos últimos 12 meses, de 5,32%.

Cenário Brasileiro

A curva de juros futuros acompanhou esse movimento e recuou durante o mês, o que beneficiou especialmente setores sensíveis ao crédito, como varejo, construção civil e bancos. Com o avanço do crédito privado — que cresceu 7,4% em abril — e o aumento do estoque total de crédito, o ambiente de financiamento se tornou mais favorável, estimulando o consumo e os investimentos.

Em paralelo, os dados fiscais e do mercado de trabalho também contribuíram para alimentar o otimismo. O governo central registrou superávit primário de R$ 17,782 bilhões em abril, demonstrando algum controle sobre as contas públicas, ainda que as incertezas quanto à política fiscal continuem no radar. O desemprego recuou e ficou abaixo das projeções no trimestre encerrado em abril, impulsionado por um recorde de vagas formais com carteira assinada.

Mesmo com esses indicadores positivos, o mês foi marcado por episódios que chamaram atenção em Brasília. A discussão sobre mudanças no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) gerou ruídos entre Legislativo e Executivo. O deputado Hugo Motta, presidente da Câmara, afirmou que o país chegou ao seu limite tanto em relação ao aumento de tributos quanto à concessão de isenções fiscais. Do lado do governo, o ministro Fernando Haddad, em meio a pressões crescentes,
admitiu desgaste à frente da Fazenda.

Apesar das turbulências políticas, os investidores mantiveram atenção voltada para os fundamentos econômicos. O crescimento de 1,4% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no primeiro trimestre, divulgado nesta sexta-feira (30), superou as expectativas e reforçou a percepção de que a economia segue avançando, ainda que de forma gradual.

Cenário Internacional

O mês de maio foi marcado pelas intensas negociações em torno das tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos. A suspensão parcial dessas medidas, ainda que temporária, trouxe algum alívio aos mercados e à atividade econômica global.

No entanto, é importante observar que tais tarifas continuam sendo instrumentos centrais na estratégia de reordenamento da economia americana — ao estimular a produção doméstica e desincentivar o consumo externo.

Entre os temas em discussão, o câmbio começa a ganhar espaço em alguns acordos. Ainda assim, os avanços permanecem limitados, sobretudo nos casos mais relevantes, como nas tratativas com a União Europeia e a China — este último marcado por retrocessos recentes, incluindo alegações mútuas de violações no cessar-fogo comercial recém-estabelecido.

Do ponto de vista americano, as tarifas também funcionam como um mecanismo de arrecadação, enquanto o ajuste no consumo doméstico poderá vir, gradualmente, por meio de uma nova orientação fiscal, hoje em debate no Congresso. As frustrações recentes quanto à consolidação fiscal indicam que uma correção mais rápida do consumo tende a reduzir o risco de uma desaceleração aguda da economia.

Relatório de Investimentos Maio / 2025

Em contraste, outras economias desenvolvidas têm adotado medidas de estímulo — tanto fiscais quanto, em alguns casos, monetárias — como forma de mitigar os riscos de enfraquecimento da atividade. Nesse cenário, o crescimento global caminha para uma nova configuração: mais restrita em termos de comércio, mas com dinâmicas de expansão assimétricas.

Essa convergência de crescimento tende a pressionar o dólar para baixo — movimento que pode se intensificar dada a atual concentração de posições em ativos americanos, após anos de desempenho superior dos EUA. Um dólar mais fraco, por sua vez, favorece economias periféricas ao tornar seus câmbios mais competitivos, permitindo cortes de juros — como pode ser o caso do Brasil em um futuro próximo.

Bolsa

O Ibovespa encerrou o mês de maio com três dias seguidos de queda, que o levou a ceder 0,58% na semana – mas o índice da B3 conseguiu preservar ganho de 1,45% no mês.

No ano a Bolsa acumula ganhos de 13,92%. O mês de maio, marcado pela máxima acima dos 140 mil pontos no dia 20 e recordes intradiários, registrou desempenho positivo em meio a um ambiente marcado por entradas de capital internacional, expectativa de manutenção da taxa básica de juros e sinais de retomada econômica. A combinação de fatores internos e externos contribuiu para a recuperação do principal índice da bolsa brasileira, que vem buscando estabilidade após um
primeiro trimestre mais volátil.

Um dos principais vetores para a valorização do Ibovespa em maio, segundo especialistas, foi o aumento da participação de investidores estrangeiros no mercado local. A atratividade dos preços das ações brasileiras, somada à perspectiva de crescimento econômico moderado, gerou fluxo relevante de recursos para a B3. A valorização também foi favorecida pela desaceleração da inflação no país: a prévia do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alívio nos
últimos três meses, reforçando a expectativa de que o Comitê de Política Monetária (Copom) mantenha a taxa Selic no patamar atual na reunião de junho.

Projeções

Segundo os dados do boletim Focus divulgado nesta 2ª feira (9.jun), a expectativa para a inflação cai de 5,46% para 5,44% A previsão do mercado financeiro para o crescimento da economia em 2025 foi elevada de 2,13% para 2,18%, de acordo com o Boletim Focus, divulgado nesta 2ª feira (9.jun.2025).

indicadores 05 2025

 

Foto de Dannielle Porto
Dannielle Porto