Setembro em Números

  1. Destaques

Cenário Brasil: A economia brasileira está em transição, com a política monetária restritiva começando a frear alguns setores, mas o consumo e serviços mantêm resiliência devido ao mercado de trabalho. O crescimento do PIB em 2025 é projetado em 2,3%, com desaceleração no final do ano. A inflação (IPCA) deve encerrar 2025 abaixo de 5%, mas pressões persistentes em serviços exigem cautela do Banco Central. A taxa Selic é mantida em 15% a.a. para o fim de 2025, com flexibilização esperada para março de 2026. O quadro fiscal apresentou melhora relativa nas receitas, mas o aumento das despesas e a trajetória crescente da dívida pública a partir de 2026 indicam a necessidade de ajuste. O mercado de trabalho, embora mostre sinais de moderação, permanece robusto.

Cenário Internacional: O ambiente global foi marcado pelo início do ciclo de cortes de juros do Federal Reserve e o enfraquecimento do dólar, impulsionando ativos de risco, especialmente em mercados emergentes. Outros bancos centrais seguiram movimentos de flexibilização monetária. Os Estados Unidos enfrentam desafios no mercado de trabalho e riscos fiscais decorrentes do pacote de gastos e impostos, além de um “shutdown” governamental que adiciona incertezas e pode dificultar a condução da política monetária.

Bolsa Brasileira: A B3 beneficiou-se do cenário externo favorável e do diferencial de juros, atraindo fluxo de capital estrangeiro significativo em setembro. O Ibovespa e o IFIX atingiram máximas históricas. A expectativa é de que a flexibilização monetária no Brasil, somada à queda de juros nos EUA, continue a favorecer a valorização dos ativos locais.

Projeções: As expectativas para 2025 e 2026 do Boletim Focus, indicam uma desaceleração da inflação e um crescimento moderado do PIB. A taxa Selic deve permanecer em 15% a.a. até o final de 2025, com cortes graduais a partir de 2026. O câmbio mostrou uma tendência de valorização do real.

 

  1. Cenário Brasil

A economia brasileira em setembro de 2025 iniciou uma fase de transição, com a política monetária restritiva começando a surtir efeitos sobre alguns setores da atividade econômica. Contudo, o consumo e os serviços demonstraram resiliência, sustentados por um mercado de trabalho ainda aquecido.

PIB

O Produto Interno Bruto (PIB) apresentou um crescimento trimestral projetado de 0,3% no terceiro trimestre de 2025, com uma leve contração de 0,1% esperada para o quarto trimestre. A projeção para o crescimento do PIB em 2025 é de 2,3%, e para 2026, de 1,8%. A expectativa é que o hiato do produto se feche somente ao final de 2025, uma condição favorável sob a ótica da política monetária.

IPCA

No campo da inflação, observaram-se sinais positivos, com a valorização cambial, estabilidade das commodities, queda nos preços de alimentos e desaceleração dos custos de produção. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do mês de setembro foi 0,48%, 0,59 ponto percentual (p.p.) acima da taxa de -0,11% de agosto. No ano, o IPCA acumula alta de 3,64% e, nos últimos 12 meses, o índice ficou em 5,17%, acima dos 5,13% dos 12 meses imediatamente anteriores.. O mercado de trabalho dinâmico contribui para a sustentação dos preços de serviços em patamares elevados.

Em setembro, três dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados vieram com variação negativa: Artigos de residência (-0,40%), Alimentação e bebidas (-0,26%) e Comunicação (-0,17%). No lado das altas, as variações ficaram entre o 0,01% de Transportes e o 2,97% de Habitação.

As expectativas de inflação, apesar de melhorarem nas semanas recentes, continuam desancoradas em relação à meta. O Banco Central (BC) mantém uma postura conservadora, aguardando uma convergência mais firme dos indicadores antes de flexibilizar a política monetária. A projeção para a taxa Selic ao final de 2025 é de 15% a.a., com o início do ciclo de flexibilização esperado para março de 2026. Para o final de 2026, a estimativa foi revisada para 12,5% a.a., refletindo a mudança nas projeções de inflação e a comunicação mais “hawkish” (dura) do BC, que fortalece sua credibilidade e permite maior espaço para redução dos juros ao longo de 2026.

CENÁRIO FISCAL

O cenário fiscal em 2025 demonstrou uma melhora relativa nas contas públicas até agosto, impulsionada pelo crescimento de 3,9% da receita real do governo central. Destacaram-se o aumento de 13,5% no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e de 20,9% no imposto de importação, além do crescimento de 5% no Imposto de Renda. No entanto, projeta-se uma desaceleração na arrecadação devido à perda de tração da atividade econômica. As despesas reais avançaram 2,4% no mesmo período, principalmente devido a gastos obrigatórios como benefícios previdenciários (+4,6%), pessoal e encargos sociais (+4,1%), Benefício de Prestação Continuada (+10,7%) e precatórios (+13,5%). O déficit primário acumulado até agosto atingiu R$ 83,9 bilhões, e a projeção para o déficit de 2025 é de R$ 30 bilhões, próximo ao limite inferior da meta fiscal. Ao incluir os precatórios, o déficit total pode chegar a R$ 74 bilhões. A Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG) aumentou de 76,5% do PIB em dezembro de 2024 para 77,5% em agosto de 2025, com projeção de 78,9% para o final do ano. A trajetória da dívida pública a médio e longo prazos é preocupante, com estimativas de 83% do PIB em 2026 e podendo atingir 92,3% em 2033 no cenário base, ou 100% no cenário pessimista sem mudanças na política fiscal.

MERCADO DE TRABALHO

O mercado de trabalho em agosto de 2025 apresentou sinais iniciais de moderação, mas permaneceu sólido. A taxa de desemprego no trimestre encerrado em agosto manteve-se em 5,6%, o menor patamar desde o início da série histórica. A população ocupada totalizou 102,4 milhões de pessoas, e o rendimento real habitual alcançou R$ 3.488, ambos em máximas históricas. No entanto, os dados do Caged de agosto indicaram uma desaceleração na criação de vagas formais, com o menor resultado para o mês desde 2020. A projeção é de estabilização da taxa de desemprego perto dos níveis atuais até o final do ano, com o mercado de trabalho continuando a ser um pilar de sustentação do consumo e da renda.

 

  1. Cenário Internacional

JUROS AMERICANO E MUNDO

Setembro de 2025 foi um mês de virada no sentimento dos mercados globais. O Federal Reserve (Fed) iniciou seu ciclo de afrouxamento monetário com um corte de 0,25 ponto percentual na taxa de juros, mantendo a possibilidade de novos ajustes ainda no ano. Este movimento reposicionou os mercados, com as curvas de juros norte-americanas cedendo nos vértices mais curtos e o dólar enfraquecendo. O índice DXY, que mede o dólar em relação a uma cesta de moedas, recuou quase 10% no acumulado do ano.

A flexibilização monetária não foi exclusiva dos Estados Unidos; outros bancos centrais em economias desenvolvidas e emergentes, como Chile, México, Canadá, Reino Unido e a Zona do Euro, também adotaram posturas menos restritivas. Estes ventos externos favoráveis impulsionaram o fluxo para ativos de risco, especialmente nos mercados emergentes, com uma correlação negativa observada entre o índice MSCI de Mercados Emergentes e o índice DXY.

Nos Estados Unidos, a política monetária deve prosseguir com mais dois cortes de 0,25 ponto percentual nas reuniões de outubro e dezembro. O foco do Fed tem se voltado à situação do mercado de trabalho, que apresenta sinais claros de perda de tração, apesar de a taxa de desemprego ainda estar em patamar baixo. A criação de vagas em agosto foi significativamente menor que as expectativas, e indicadores de contratação vêm recuando. A inflação, contudo, permanece 50% acima da meta, embora o impacto das novas tarifas de importação esteja sendo menos severo que o antecipado.

Riscos fiscais nos Estados Unidos merecem atenção, principalmente a médio prazo. A aprovação do pacote “One Big Beautiful Bill” em julho, que inclui cortes de impostos e aumento de gastos, estima adicionar entre US$ 3 trilhões e US$ 4 trilhões ao déficit público em 10 anos. Este cenário já pressiona a curva de juros norte-americana e pode limitar a capacidade do Fed de realizar cortes mais agressivos. Adicionalmente, o impasse político em torno do orçamento resultou em um “shutdown” do governo federal no início de outubro, afetando serviços e atrasando a divulgação de dados econômicos importantes, como o Payroll e o CPI, o que pode ampliar as incertezas e desafiar as decisões de política monetária.

 

  1. Bolsa Brasileira

O mercado local foi impulsionado pelo cenário externo mais favorável em setembro de 2025. A valorização do real frente ao dólar, acima do esperado, reflete tanto a fraqueza global da moeda norte-americana quanto o elevado diferencial de juros a favor do Brasil e a crescente atratividade dos ativos domésticos.

Este movimento resultou em um fluxo consistente de capital estrangeiro para a B3, com um ingresso de R$ 5,3 bilhões em setembro, representando o maior volume mensal desde maio. No acumulado do ano, o saldo atingiu R$ 27,1 bilhões, indicando um renovado interesse do investidor estrangeiro no mercado brasileiro. Nesse ambiente, o Ibovespa e o IFIX renovaram suas máximas históricas. A expectativa é que o início do ciclo de cortes de juros no Brasil, somado à tendência de queda dos juros nos Estados Unidos, possa atuar como um segundo catalisador para a valorização dos ativos locais, especialmente entre o final de 2025 e o início de 2026, desde que não ocorram choques relevantes que aumentem as incertezas.

 

  1. Projeções

As projeções para os principais indicadores macroeconômicos foram analisadas a partir dos relatórios Focus de janeiro, agosto e setembro de 2025.

 

  • IPCA (variação %)
    • Para 2025, a mediana das expectativas do Focus registrou uma elevação de 5,00% em janeiro para 4,85% em agosto, e uma leve queda para 4,81% em setembro.
    • Para 2026, as projeções do Focus variaram de 4,05% em janeiro, para 4,31% em agosto e 4,28% em setembro.
    • As expectativas para 2027 e 2028 no Focus apresentaram estabilidade em torno de 3,90% e 3,70%, respectivamente.

 

  • PIB Total (variação % sobre ano anterior)
    • Para o crescimento do PIB em 2025 iniciaram em 2,02% em janeiro, subindo para 2,19% em agosto e se mantendo em 2,16% em setembro.
    • Para 2026, as expectativas do Focus foram de 1,80% em janeiro, 1,87% em agosto e 1,80% em setembro.
    • Para 2027 e 2028, as projeções do Focus permaneceram estáveis em 2,00%.

 

  • Câmbio (R$/US$)
    • Para o câmbio em 2025 no Focus foi de R$ 6,00 em janeiro, caindo para R$ 5,56 em agosto e R$ 5,48 em setembro.
    • Para 2026, o Focus indicou R$ 6,00 em janeiro, e depois R$ 5,62 em agosto e R$ 5,58 em setembro.
    • Para 2027 e 2028, as medianas do Focus mostraram valores de R$ 5,82 e R$ 5,56, respectivamente.

 

  • Selic (% a.a)
    • Para a taxa Selic em 2025 no Focus aumentaram de 15,00% em janeiro para 15,00% em agosto e se mantiveram em 15,00% em setembro.
    • Para 2026, as expectativas do Focus eram de 12,00% em janeiro, 12,50% em agosto e 12,25% em setembro.
    • Para 2027 e 2028, as projeções do Focus mostraram 10,25% e 10,00%,

 

  1. Conclusão

O cenário econômico de setembro de 2025 refletiu uma complexa interação entre fatores globais e domésticos. Internacionalmente, a política monetária expansionista dos Estados Unidos e de outros países desenvolvidos criou um ambiente de maior apetite ao risco, favorecendo a entrada de capital em mercados emergentes como o Brasil. Contudo, desafios como o quadro fiscal norte-americano e o impasse do “shutdown” indicam potenciais fontes de volatilidade.

No Brasil, a economia demonstrou sinais de moderação na atividade, mas também de resiliência em setores como consumo e serviços, sustentados por um mercado de trabalho robusto. A inflação, embora em trajetória de queda, ainda enfrenta pressões de componentes específicos, justificando a postura cautelosa do Banco Central em relação ao início da flexibilização monetária. O quadro fiscal, apesar de uma melhora temporária na arrecadação, é considerado desafiador a médio e longo prazo, com a dívida pública em trajetória ascendente e a necessidade iminente de reformas estruturais para garantir a sustentabilidade. O mercado de capitais brasileiro, impulsionado pelo fluxo estrangeiro, alcançou patamares elevados, mas a sustentação dessa tendência dependerá da consolidação da queda de juros e da ausência de choques macroeconômicos. A convergência das projeções para um crescimento moderado e uma inflação mais controlada, com a Selic em patamares ainda restritivos, indica a persistência de um ambiente de ajuste econômico.

 

  1. Resumo

O cenário econômico em setembro de 2025 foi marcado por uma virada nos mercados globais, impulsionada pelo início do ciclo de cortes de juros nos Estados Unidos e o enfraquecimento do dólar. No Brasil, observou-se uma valorização do real e um fluxo consistente de capital estrangeiro para a B3, levando a máximas históricas do Ibovespa e IFIX. A economia brasileira entrou em uma fase de transição, com a política monetária começando a impactar setores, enquanto o consumo e serviços se mantiveram resilientes.

No âmbito fiscal, houve uma melhora relativa no resultado primário e nominal até agosto, mas a trajetória da dívida pública permanece desafiadora, com projeções de aumento nos próximos anos e a necessidade iminente de ajuste fiscal a partir de 2026.

O mercado de trabalho brasileiro, apesar de sinais iniciais de moderação, manteve-se sólido, com desemprego em mínimas históricas e rendimentos em alta, representando um desafio para a política monetária. As projeções para os indicadores macroeconômicos, indicam uma desaceleração da inflação e um crescimento moderado do PIB para 2025 e 2026, com a taxa Selic mantendo-se em patamares elevados até o final de 2025 e iniciando flexibilização em 2026.

 

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